quinta-feira, 15 de maio de 2008

011. CONCERTO DE REIS - por Lino Dias

São João de Areias
"Concerto de Reis" da Banda Filarmónica foi um êxito

Realizado no domingo, dia 6 de Janeiro, com inicio às 15 horas, conheceu assinalável êxito o “Concerto de Reis” que a banda da Sociedade Filarmónica Fraternidade de S. João de Areias executou na Igreja Matriz da própria vila.
Três centenas de pessoas presenciaram este espectáculo invulgar, bastante beneficiado com a demonstração que as crianças da escola de música fizeram dos seus conhecimentos de iniciação musical e, obviamente, com o esplendoroso cenário da Igreja, favorecido de recente e importante restauro.
A nível de individualidades convidadas, destaque para as presenças de Padre José António Almeida, pároco da própria freguesia, António José Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, António Augusto Antunes, presidente da Junta de Freguesia de S. João de Areias, Paulo Gomes, gerente da empresa “Edições Convite à Música”, coordenadora da actividade curricular de música das escolas do concelho, e Filipe Belo Rodrigues, da Comissão de Defesa do Património Cultural e Histórico de Couto de Mosteiro.
Vítor Alexandre, de Santa Comba Dão, foi o apresentador de serviço, função que desempenhou com competência, ressaltando também daí o cuidado com que o espectáculo foi preparado. Este desenvolveu-se em duas partes: a primeira audição dos alunos da escola de música e o concerto da banda.
A audição daqueles alunos deu lugar à execução de instrumento igual, em grupos ou duetos diferentes. Por último, formando a “Orquestra da Escola de Música”, executaram um tema em conjunto. Terminada a audição, todos os alunos foram premiados com um diploma, que Vítor Borges, presidente da Direcção, lhes entregou mediante chamada individual, dando ocasião à repetição dos aplausos já recebidos nos momentos de actuação. Nessa altura também os formadores da Escola de Música e o maestro da banda foram alvo de especial atenção, com alunos a fazem-lhes entrega de ramos de flores. Com toda a assistência de pé, os aplausos de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido com as crianças ecoaram forte.
Foi Bonito!
Na segunda parte do espectáculo, a banda executou cinco temas (“A Joyfull Fanfare”, “Concerto d’ Amore”, “Recordações do Passado”, Cry of the Falcon” e “Vivenda”), brilhantemente interpretados, com a particularidade de o último ter sido uma estreia nacional. Os aplausos voltaram a ecoar em cada número interpretado, redobrado no final da actuação, novamente com o público de pé.
Num intervalo que antecedeu o último tema da banda, foi dada ocasião ao sorteio das rifas vendidas no ano passado e aos discursos de circunstância. O sorteio contemplou os nºs 2291 (1.º prémio – Fogão de cozinha – oferta de A. Ferreira, Lda – Cancela); 0951 (2.º - Guitarra eléctrica, oferta de Flauta Mágica – Tábua); 2700 (3.º - Bombardino usado – oferta da Sociedade Filarmónica); e 2703 (4.º - Leitor de CD – oferta de Alcino Ferreira da Silva, Lda – Carregal do Sal). O 1.º prémio coube a Ana Isabel Silva, de Casal de Castelejo, cujo bilhete era o único, dos quatro, com indicação de nomes.
Cabendo-lhes iniciar os discursos, o presidente da Direcção falou das dificuldades no funcionamento da Escola de Música, face à insuficiência de apoios. No entanto, ao falar também dos objectos em vista, manteve a intenção de criar uma banda infantil e uma nova turma de alunos. Seguidamente, deu conhecimento dos compromissos que a banda já assumiu para este ano, realçou a deslocação a Castelo-Branco, no dia 27, para participação no ciclo “Bandas em Concerto”. A este respeito, frisou: “Fomos a única do distrito que foi seleccionada isso honra-nos bastante”. Pediu, por isso, que muita gente acompanhe a banda naquela deslocação. Aos alunos da escola de música será oferecido transporte gratuito, desde que cada um vá acompanhado de familiar responsável. Apresentando-se os músicos sem farda neste “Concerto Reis”, Vítor Borges justifica: “Mostrámos que podemos tocar sem farda, mas a opção foi por a nossa farda ser já muito antiga”. Mantém esperança de que o projecto de publicidade, já lançado, seja uma “luz ao fundo do túnel” para a aquisição de novo fardamento e de mais instrumentos.
A receita angariada nos EUA por um grupo de emigrantes, liderado pelo conterrâneo José Vieira, no valor de 8 mil dólares, foi considerada por Vítor Borges “uma prenda especial de Natal”. Destinando-se a mesma à aquisição de instrumentos novos, deu a saber que foi aplicada na compra de dois tímpanos, um prato chinês tam-tam e um trombone de varas. “Ficamos muito agradecidos e que tenham muita saúde para nos ajudarem sempre que possam”, assim lhes expressou a sua gratidão. Finalizou com agradecimentos às empresas Ribadão e José Alves, e ao casal João e Mariazinha Miranda, pela oferta de instrumentos, aos directores, aos professores da Escola de Música, ao maestro, aos músicos e, de modo especial, à colaboração dada por alguns músicos das bandas de Santa Comba Dão e Pinheiro de Ázere. Agradeceu também a presença dos citados autarcas, assim como a de Padre José António, cujos agradecimentos se entenderam à cedência da Igreja para o concerto e à oferta do lanche que iria ser servido no Lar de Idosos.
Usando da palavra, o pároco elogiou o concerto e fez referência ao esplendoroso cenário que o espaço da Igreja proporcionou, deixando então o convite para que mais concertos se possam ali repetir. “Quando vemos a qualidade de um trabalho como este, vale a pena dar a mãos e partilhar”, disse o mesmo, numa alusão à oferta do lanche. Desejou os maiores êxitos à Sociedade Filarmónica e que continue a honrar o nome de S. João de Areias por todo o país. “Parabéns por optarem por esta vida e não enveredarem por maus caminhos”, disse aos jovens músicos. “Obrigado à Direcção da Filarmónica, à autarquia e a outras instituições por olharem para esta gente”, terminou.
Último a discursar, o vice-presidente da Câmara agradeceu o trabalho ali apresentado, mencionando que também espelha o trabalho que a autarquia está a fazer nas escolas, e que isso “se reflecte depois nas três bandas do concelho”. Ao concluir a sua breve intervenção, falou do projecto “Academia de Artes” como um objectivo que a Câmara quer ver concretizado. “Temos potencial para isso à nossa volta”, sustentou António Correia.
Além de considerado invulgar, pois comentava-se não haver memória de ali ter sido outro como este, fica bem e é merecido dizer-se que o espectáculo foi admirável, deixando bem patentes a seriedade do trabalho que a Direcção da Sociedade Filarmónica está a desenvolver, apesar das dificuldades financeiras que enfrenta, e a dinâmica com que a mesma o executa.
Se o colectivo está de parabéns, nomeadamente os dirigentes, os músicos, o maestro, os formadores e todos aqueles que, de qualquer forma, apoia o projecto que a Direcção pôs em marcha, justo será destacar a acção preponderante que o presidente da Direcção, Vítor Borges, e o seu braço-direito, Sérgio Simões, têm em toda esta afirmação categórica do que é hoje a Sociedade Filarmónica. Uma afirmação que bem merece atenção especial da autarquia e que justifica o apoio de sócios e particulares, onde há a salientar as oferta de instrumentos e dos prémios do sorteio e, muito especialmente, os emigrantes que longe da terra se unem na angariação de fundos, cujas honras de momento vão para os emigrantes que angariaram fundos nos EUA para ajudarem a Sociedade Filarmónica e o Centro e Paroquial, saindo também este contemplado com igual importância.
Esses emigrantes são merecedores de um testemunho público de gratidão, que a Direcção faz através do “Defesa da Beira”, sabendo que, além do conterrâneo José Vieira, muitas outras pessoas contribuíram com trabalho e com materiais para a festa.

Lino Dias

Retirado do jornal Defesa da Beira, Nº3285, pág. 13, de 11 de Janeiro de 2008

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